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Imortal

Atualizado: 18 de ago.


Querida vó Eraydes,


Espero que esta carta te encontre bem.

Quando eu ainda não era um pingo de gente, você já estava lá. O seu amor e sua existência, mais do que qualquer uma, foi o que me trouxe até aqui. Sem o destino ter te colocado no mesmo hospital que aquele garoto pobre e doente estava, eu não estaria aqui. Obrigada por ter escolhido amar o meu pai e por consequência me aceitar e amar também.

O amor não se resume à laços de sangue. Você me fez acreditar nesse amor puro — o amor escolhido. No fundo, todo amor é isso, né? Uma escolha. Você escolheu o vô por 70 anos, assim como ele escolheu você. E eu escolhi você como minha vó, assim como você me escolheu como neta.

Sou muito grata aos ensinamentos, mesmo aqueles que não precisam de palavras, mas de observação. E eu te vi, mesmo tímida, mesmo quieta, eu sempre te vi gigante. Lembro de ser pequena, de sentar no seu colo e encostar na sua pele, já envelhecida. Me lembro de todas às vezes que você me dava carinho e puxava assunto comigo, mesmo quando me sentia deslocada.

Mesmo depois de tanto ressentimento, de anos sem nos ver, você me trouxe ao seu colo mais uma vez, com o mesmo amor e carinho de quando criança. Lembrou meu nome, lembrou de mim e me enxergou como um ser humano muito antes de mim mesma me enxergar.

Obrigada por ter sido uma vó tão doce e por ter aguentado forte todos os momentos. Era isso que eu queria ter dito para você. Eu errei quando pensei que você nem se lembraria de mim, diante de tantas pessoas na família, mas você lembrou. Você sempre lembrou.

Você é uma daquelas pessoas que sempre esteve ali, mesmo ao longe, mesmo sem dizer uma palavra, sua presença era gentil e acolhedora. Uma daquelas pessoas que parecem imortais, que porque sempre estiveram ali, para sempre estarão. E eu estava certa nesse sentido, você sempre vai estar aqui, mesmo longe, mesmo sem dizer uma palavra, eu ainda te vejo.


Com amor, de sua eterna neta,

Eduarda Lodi de Oliveira

 
 
 

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