Um tufão que passou por mim
- Eduarda de Oliveira
- 28 de fev.
- 2 min de leitura

Quando me diziam sobre viajar nos olhos de uma pessoa, me parecia besteira. Não havia vivido nada daquilo, mas realmente, cada pessoa tem um universo no olhar. Quando quis olhar profundamente através dos olhos de uma pessoa e encontrar a sua alma, foi encantador e assustador ao mesmo tempo. Como se eu tivesse perdido o chão e a noção do lugar onde estava, me vi levitando para dentro de uma viagem que não havia planejado fazer.
Uma viagem sem destino final determinado e sem hora para acabar. Encantada pelas paisagens e descobertas dessa nova aventura que ansiei viver um dia, fui além dos meus limites. Explorei lugares que não conhecia e abri meu coração para a estranheza dos sentimentos que envolvem os seres humanos e que os fazem cometer loucuras. Finalmente entendi o que tantas pessoas já descreveram tanto na realidade quanto na indústria do entretenimento.
Percebi que no final das contas não é tanta loucura assim, é só um lugar a ser explorado. Permiti, então, ser levada pelos sentimentos e deixei a racionalidade de lado. Deixei que a parte que nos faz mais humanos, me deixasse ir para onde quer que eu deveria ir. Para um lugar que precisava viver para me sentir pertencente a este mundo de pessoas tão diferentes, mas com os mesmos sentimentos.
Me culpei por ter ido longe demais ao ponto de me esquecer de mim e ter deixado para última hora o momento de estabelecer um limite. Eu sabia que a viagem não duraria mais tempo, mesmo que eu não quisesse dar ouvidos àquela voz interior, que às vezes eu chamava de inconveniente. Não queria deixar de viver aquele momento, mesmo que já não estivesse sendo o melhor.
A viagem acabou eventualmente. Fui retirada à força daquele universo que tanto me encantou e voltei para a realidade fria e crua, da qual já estava acostumada, mas que não achei que voltaria. Fui tomada por um baque tão grande, como se tivesse caído de um prédio e me estatelado no chão. Fui cega, surda e muda em muitos momentos e paguei pelo preço.
Mas no fim das contas, entendi que não tenho que carregar a culpa de ter sido humana e de ter me deixado entrar nesse ambiente caótico e tão profundo. Afinal de contas, nunca havia experimentado tantas sensações e emoções tão intensas em tão pouco tempo. Por que eu deveria ser culpada por viver e acreditar no melhor das pessoas?
Vivi tanto tempo no pessimismo, não poderia ter a chance de saber o que é otimismo?
No fim, me tornei mais humana. E nessa jornada, conheci e estabeleci laços com quem eu nunca deveria ter me afastado. Retornei para quem eu sempre fui e entendi que quem quer que esteja comigo deve respeitar quem eu sou, sem mais e nem menos.
Agora me permito viver o diferente, a estar em ambientes que nunca frequentei e com pessoas que recém conheci. Todos nós temos um universo dentro de si, experimentei o que é mergulhar nos olhos de alguém, mas agora quero que alguém também tenha interesse de mergulhar nos meus.
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